Uma habitação unifamiliar de tipologia T3 com a ambição de ser uma Passive House, condicionada por um projeto de loteamento.
De orientação principal Norte-Sul, focamo-nos em captar rasgos de luz quente de poente nas áreas viradas para o logradouro e em absorver o verde do seu tímido vizinho Parque do Carriçal, a sul.
O volume, de formas simples, procura através da cor e materialidade atribuir-lhe um carácter próprio.
De implantação estreita e comprida e apenas com os dois topos menores livres, deparamo-nos com o desafio de atribuir qualidade aos espaços que se encontram no miolo da construção. Um poço de luz que rasga o edifício impõe-se naturalmente.
Para dar resposta às necessidades programáticas - um casal, dois filhos, um espaço de trabalho e garagem, o volume desenvolve-se em 4 pisos: meia-cave, piso 0, piso 1 e recuado.
O desnível entre a rua e o piso principal é resolvido por alguns degraus, característica típica das casas neste local e imposição do loteamento. Assim que entramos no edifício encontramos um espaço charneira entre as áreas privativas, comuns e técnicas (garagem). Mantendo-nos a este nível, encontramos um espaço amplo onde fluem de sul a norte todas as áreas comuns rasgadas apenas pelo poço de luz que vem da cobertura; subindo pela escada de tiro encontramos o piso dos quartos onde não damos conta do poço de luz que capta a luz natural da cobertura e a distribui pelas janelas aos espaços interiores, nomeadamente ao wc.
Continuando na corrida ascendente, é no último piso que encontramos o espaço multifuncional, que ainda que queiramos torna-lo independente, continua a ser servida pelo terraço norte que se debruça para o logradouro verde da habitação.
Com a implantação condicionada, e para que conseguíssemos atingir os pressupostos da PH, foi no seu elemento sul que incidiu um grande estudo da luz ao longo de todo o ano, o que se reflete nos cheios e vazios e ensombramentos, de maneira a que, de forma passiva conseguíssemos o ideal em ganhos solares.